– Entrevista Pretty Cool People, 2008.

tom14+amor,  nasceu em Curitiba (1976). Mudou no ano 2000 para Barcelona onde começou a pintar +amor pelas ruas da cidade. Fez residência artística, exposições, montou crew, organizou festivais, performances, live painting, intervenções urbanas, musica experimental, cinema, video, animação, VJ e tudo que foi encontrando para expressar ideias e comunicar sentimentos. Depois de 11 anos mudou pro México com a família+amor e mergulhou fundo por outros 3 anos no muralismo. Hoje reside no Brasil onde continua alternando seu tempo pintando na rua e rodando seu projeto documental +amor continuum com expos pela Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Italia, Argentina, Brasil, Marrocos…

Sua obra emana liberdade, vida e gratidão. Nasce da sutileza de sentir a cidade,  de escutar seus habitantes e da profunda noção do espaço público como lugar de propagação para a infinita fonte de inspiração ” +AMOR ” que tem sido nesses últimos 15 anos seu reclamo incansável, a voz da natureza que cresce entre os muros da cidade, como aquela plantinha que brota em meio ao concreto.

“Gosto das cores vivas, dos traços livres, das texturas orgânicas… Aprendi a escutar o que cada espaço tem a dizer, estar na rua faz com que os olhos ganhem essa visão além do alcance, não só para entender as demandas do entorno, más também para ter a consciência da repercussão que nossos atos tem ante o que é público. Tive a fortuna de estar em Barcelona em um momento épico do streetart, (ano 2000) pintar ao lado de pessoas incríveis e participar de movimentos e lutas sociais, ter a responsabilidade de ser a voz pictórica em conflitos históricos de muitas comunidades que como em muitos lugares do mundo sofrem o mesmo mal, a especulação imobiliária, o abuso das autoridades e a marginalização das suas culturas ancestrais.

Foi lá pelo 2002 que numa daquelas tardes de pintar com os amigos ( Ovni, Kenor, Pyu, Kafre, Zosen, Pez ) saiu uma frase na parede que resumiu tudo, que deu sentido maior ao que já vinha respirando, +AMOR. Foi como um abraço, não ao meu ego mais sim ao estomago, meu e de todos aqueles que inesperadamente se encontraram com aqueles primeiros tags torcidos de mas amor. Logo apareceu o coração, já como um +amor universal ao que o transeunte não precisaria nem ler, só sentir…(mas amor Boquería, 2004). Assim “poc a poc” (em catalão, pouco a pouco) a linha foi ficando mais firme, meu mundo pictórico ganhando riqueza e com os vídeos nossas ações foram ganhando notoriedade.

Naquele momento sentíamos que havia que despertar as pessoas, fizemos ações no aeroporto, na rua, no metro, no trem, nos museus… Pintamos e pintamos e quando apareceu a lei de tolerância zero, ( copia da lei implementada em NY nos anos 80, implantada em BCN em 2005 pós fórum das mentiras…) nunca paramos de pintar, ao contrário a rua sempre foi nossa voz. Assim se passaram 11 anos, de Europa, fazendo exposições e participando de festivais na Espanha, Italia, França, Inglaterra e Alemanha. Tive a oportunidade de fazer uma residência no gigante Tacheles, o centro cultural mais efervescente de Berlin.

Também com nosso crew tivemos por anos a residência na fabrica de criação, “ La escocesa “ onde começei as primeiras entrevistas para o trabalho documental “ +Amor Continuum” (2010)  que mistura a nossa obra na rua com as distintas opiniões do que as pessoas tem sobre o amor. Foi nesse contexto que tive a oportunidade de ser pai, ( Naue, 2010) e desde então a natureza, o respeito ao eterno feminino e a força da Pachamama é uma constante na minha obra. Nos mudamos para o México onde nasceu Aurea, 2012,  nas altas montanhas de Chiapas. Lá onde ainda se fala Maia, o idioma original de mais de 3000 anos atrás e onde habitam as tribos protetoras do milho criolo.

A cultura indígena, as plantas e os animais de poder tem influenciado muito minha obra, são uma constante nas minhas visões. Em 2013 voltamos para o Brasil já totalmente involucrados nos projetos comunitários, com foco em permacultura, agrofloresta e bioconstrução. Impulsados pela infinita criatividade que as crianças emanam e sentindo o chamado estivemos visitando alguns projetos de escolas livres e alternativas. De professores passamos ao divino estado de eternos aprendizes e nesse processo de reconstrução nasceu a família+amor. Nossa missão como família é dar um apoio a todas as mães e pais que estão passando pelo mesmo processo de desformação, e brindar um ar de luz, com cor e esperança para as crianças.

A partir de 2016 começamos a idealizar um trailer para poder levar um pouco dessa nossa cultura de amor e respeito Brasil afora. Hoje o Cultural truck é uma realidade, faz quase 4 meses que já estamos circulando e morando no trailer, que vira palco, tela de cinema e base para boas rodas de conversa. As oficinas e o intercambio com as crianças são o foco, +amor continua sendo nossa matéria prima bruta, que nos guia nos protege nesse caminhar cheio de curvas e desafios. Mais que nunca agora é o momento de juntar forças, de lutar pelo que é de todos, de proteger nossa natureza, de escutar o grito ancestral e de brindar +amor as próximas gerações. Em gratidão eterna pela vida, cada dia festejando a alegria de estar vivo seguimos no caminho, cada vez mais ativos e responsáveis como seres políticos ativos, ajudantes nessa construção de cidades para as pessoas. “